Palbociclibe no SUS

Posicionamento FEMAMA – Palbociclibe no SUS


Documento de Posição da Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama – FEMAMA – sobre a inclusão no SUS do palbociclibe, medicamento da classe terapêutica inibidores de CDK.

O câncer de mama é um dos tipos de câncer mais comum em mulheres no mundo inteiro. Mundialmente, estima-se que cerca de 3,9 milhões de mulheres tiveram câncer de mama diagnosticado nos últimos cinco anos. Uma vez que algumas mulheres vivem com o câncer por muitos anos, o risco de desenvolvimento de doença metastática aumenta progressivamente. Estima-se que, entre  6 e 10% das pacientes com câncer de mama apresentem doença metastática ao diagnóstico. 

 

No Brasil, a estimativa de incidência de câncer de mama no Brasil em 2020 é de 66 mil casos, o que corresponde a  33% dos cânceres em mulheres, excetuando-se  o câncer de pele não melanoma. Ao longo dos anos, tem-se observado um aumento nas taxas de mortalidade por câncer de mama em todas as regiões do Brasil. Em 2018, o câncer de mama foi responsável por 17.572 mortes, correspondendo a 16,4% das mortes por câncer em mulheres.

 

O câncer de mama pode ser classificado de acordo com a expressão de receptores hormonais (RH) e do receptor 2 do fator de crescimento epidérmico humano (HER2). Estima-se que a maioria das pacientes com câncer de mama sejam classificadas com status RH positivo e HER2 negativo (65-70% de todos os casos). Esta classificação é de extrema importância, pois prediz a resposta ao tratamento e o prognóstico da doença. De maneira geral, tumores de mama RH+/HER2- têm melhor prognóstico e são particularmente sensíveis a terapias endócrinas direcionadas a este eixo. 

 

As cinases dependentes de ciclina (CDK) desempenham papel essencial controle do ciclo celular, controlando a transição entre as suas fases. A ativação das CDK depende da sua interação com proteínas sintetizadas e degradadas no decorrer do ciclo celular – as ciclinas. A ciclina D1 é um dos principais alvos do receptor de estrógeno. Ao formar um complexo com as CDK4/6, ocorre o estímulo para a progressão do ciclo celular e, um evento-chave na proliferação e sobrevivência das células tumorais. Tumores de mama HR+ podem apresentar resistência (intrínseca ou adquirida) à terapia endócrina, culminando no avanço da doença. 

 

Por este motivo, faz-se necessária a adição de tratamentos que impeçam o avanço dos processos metastáticos que atuem em outros alvos, como os inibidores de CDK4/6. Portanto, esta classe farmacológica se apresenta como a principal alternativa terapêutica no manejo de tumores de mama HR+/HER2- avançados ou metastáticos. Diante de tamanha relevância, a sua incorporação no SUS é essencial. 

 

No contexto do câncer de mama HR+/HER2- avançado, o inibidor de CDK4/6 palbociclibe está em avaliação nas seguintes indicações:

 

Tratamento do câncer de mama avançado ou metastático HR+/HER2-, em combinação com inibidores de aromatase de terceira geração (anastrozol, letrozol ou exemestano) como terapia endócrina inicial em mulheres pós-menopausa; ou com fulvestranto em mulheres que receberam terapia prévia.

Estudos sobre câncer de mama receptores hormonais positivos/HER-2 negativo levaram à aprovação do palbociclibe como primeiro inibidor de CDK aprovado no mundo. O palbociclibe associado à hormonioterapia (letrozol ou fulvestranto), em primeira e segunda linha metastática nesses subtipos de tumores, demonstrou excelentes taxas de controle tumoral e mais do que duplicou o tempo de vida livre da doença. O palbociclibe já está aprovado nos EUA desde fevereiro de 2015 e foi aprovado no Brasil pela ANVISA em 2018.

Na terapia de 1ª linha, o medicamento demonstrou um período de mais de 2 anos sem progressão da doença em pacientes nos pacientes com essa indicação, enquanto em diversos estudos, a monoterapia endócrina proporcionou apenas 14–16 meses de sobrevida livre de progressão (SLP). Na primeira linha de tratamento, a adição de palbociclibe ao letrozol proporcionou adiamento significativo de 10,5 meses no tempo até a primeira quimioterapia subsequente. Na segunda linha de tratamento, a adição do medicamento ao fulvestranto proporcionou adiamento de 8,8 meses no tempo até a primeira quimioterapia subsequente.